Teatro, pintura, fotografia, música e cinema tomam conta de espaços públicos do Bairro Grito do Povo, no dia 14 de setembro, num conjunto de espetáculos de acesso gratuito, no âmbito das Comemorações Bocagianas, promovidas pela autarquia.
O evento, a decorrer de tarde e de noite, integra uma performance teatral, o restauro de uma pintura, uma mostra de fotografia, um concerto e a estreia de um documentário em torno dos bairros de barracas que existiam no Bairro Grito do Povo no período do Estado Novo, transformados em bairros SAAL.
A programação cultural, numa organização da Câmara Municipal, preenche três espaços públicos daquele bairro, a Rua São Luiz Gonzaga, a Rua Grito do Povo e o Jardim Grito dos Pescadores, com artistas do concelho.
Às 17h00, a Rua São Luiz Gonzaga recebe “AMAL”, cujo elemento central é a lama, evocando, por um lado, a dualidade como matéria primordial e espiritual, presente nos mitos fundacionais da humanidade e na construção de habitações, e, por outro, as brincadeiras, memórias de bairros e histórias vividas.
Trata-se de uma performance site specific de Patrícia Paixão, integrada no espetáculo itinerante “Das Barracas à Dignidade”, que aborda a transição de um ambiente vulnerável para um espaço seguro, refletindo sobre o direito à habitação como um direito universal e incondicional, estendido a todos.
O restauro da pintura da imagem da Associação de Moradores do Grito do Povo, na sede da associação, localizada no número 2 da Rua Grito do Povo, é a proposta do programa para as 18h00, num evento de participação gratuita, com coordenação de Paula Moita e o envolvimento da comunidade local.
Além do teatro e da pintura, o programa cultural traz as “Memórias do Grito do Povo”, com a inauguração, às 18h30, de uma exposição com fotografias cedidas por Eduardo Silva, numa parceria com a União das Freguesias de Setúbal.
A música também está em destaque neste programa integrado nas comemorações do Dia de Bocage e da Cidade, com uma atuação às 21h00 de Et Toi Michel, projeto a solo do músico João Mota, que desenvolve um trabalho que responde aos desafios dos tempos atuais e ao risco de retrocesso civilizacional através de canções de protesto e de intervenção.
O mesmo jardim volta depois a ser tela às 21h40 da exibição do documentário de Leonardo Silva “Das Barracas à Dignidade” numa reflexão sobre as lutas populares pelo direito a uma habitação digna, um movimento que ganhou força em Setúbal depois do 25 de Abril de 1974.
O filme, que faz parte dos 45 projetos apoiados pelo programa “Arte pela Democracia”, uma iniciativa da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, em parceria com a Direção-Geral das Artes, explora o direito à habitação através das histórias dos moradores do Bairro do Grito do Povo que participaram no movimento SAAL, e cruza essas memórias com o processo artístico da performance “Das Barracas à Dignidade” de Patrícia Paixão.
Três das cinco ações desta iniciativa – a performance, o restauro da pintura e concerto – estão integradas no projeto PO.VOAR, apoiado pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, Comunidades em Ação, candidatura OIL – Operação Integrada Local União das Freguesias de Setúbal, Coesão Socio-Territorial Através das Margens.