A direção da Escola Secundária Barbosa du Bocage, o antigo Liceu, decidiu dar “uma nova oportunidade” aos alunos e recuou na decisão de destituir a associação de estudantes.
A destituição da estrutura representativa dos estudantes foi considerada uma hipótese, que chegou a ser comunicada aos alunos, depois de a vice-presidente da associação, durante a apresentação do Programa de Incentivo ao Associativismo Estudantil “Associa-te”, ter dado “a conhecer o pouco apoio da escola à associação”.
Já o encarregado de educação da presidente da associação de estudantes considera que a intervenção em causa “foi uma manifestação de opinião de forma correcta, um exercício de liberdade de expressão e nada mais do que isso”.
Em causa esteve a intervenção da vice-presidente da associação, que, durante a sessão, deu “a conhecer o pouco apoio da escola à associação”, ao afirmar que “foi preciso esperar mais de três meses após a sua eleição para o primeiro encontro com a direção”.
Segundo o Conselho Nacional de Juventude (CNJ), Raquel Polainas, diretora da Secundária du Bocage, “destituiu a associação depois de participação “dar mau nome” em sessão com a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes”.
O Conselho Nacional de Juventude, através de comunicado, diz que a aluna em questão, após a sessão de apresentação do referido programa, que resulta de uma parceria com o Instituto Português do Desporto e da Juventude, “viu-se com um processo disciplinar”.
“A situação descrita é preocupante, uma vez que sugere que a escola pode estar a limitar a liberdade de associação dos seus alunos e levanta questões importantes sobre o papel das escolas e dos educadores na promoção do associativismo estudantil”, sublinha o CNJ.
“Já foram pedidos esclarecimentos à direção e, caso se confirme, o CNJ acredita que a direção não reúne condições para manter-se à frente deste estabelecimento de ensino público”. Contrariamente, Raquel Polainas assegura que a escola não foi contactada.
Para a diretora da escola, as afirmações da aluna são “falaciosas e falsas”. “Aquilo não se tratou de uma reunião de âmbito privado. Aquilo foi uma reunião pública e com um membro do Governo. Foi muito sério e quando prestamos declarações falsas e injustas temos de saber que temos de colher as consequências disso”, salientou.
No entanto, explica que a decisão foi tomada tendo também em consideração outras situações. “A associação, desde que tomou posse e até fevereiro, é suposto apresentarem uma série de documentos, como a planificação das atividades ou documentos contabilísticos, e nunca nos apresentaram nada”, revelou.
Já o presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação, Paulo Lopes, afirma que estão “à espera por mais informação por parte da escola para avaliar a situação e decidir a posição a tomar”.
Na mesma nota, o CNJ refere ainda que “a direção da escola cancelou o torneio de jogos que decorreria no dia seguinte, situação que levou agentes da autoridade ao recinto escolar, chamados pela direção, por pouca colaboração dos estudantes”.
A diretora da escola explica que a iniciativa foi cancelada por falta de planeamento da associação de estudantes. Questionada sobre o porquê de terem sido chamadas as autoridades ao local, refere que foi por precaução.