O cantor e compositor Carlos Mendes foi homenageado em 9 de março pelos 60 anos de carreira, num espetáculo realizado no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, que angariou fundos para o CASA – Centro de Apoio aos Sem Abrigo a nível nacional.
No final da Gala Solidária Lions – Alívio à Fome, organizada pelo Distrito Múltiplo 115 do Lions Clube, através da Assessoria do Alívio à Fome 2024/2025 e em parceria com o município, o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, salientou a importância de o espetáculo ter sido, em simultâneo, uma homenagem e um evento solidário.
“Quero agradecer ao Lions por fazer o dois em um, que é fazer a homenagem a um artista, a uma figura da nossa sociedade, e, ao mesmo tempo, fazermos aqui um momento de solidariedade. Este dois em um é muito importante”, disse o autarca, sublinhando que era “um privilégio participar” naquela “grande iniciativa”.
O autarca recordou que o CASA tem uma representação em Setúbal e reconheceu “o papel importante” que a entidade desenvolve junto dos que mais precisam, o qual a Câmara Municipal “também tem a obrigação de apoiar”.
Salientou que Carlos Mendes tinha “uma longa carreira”, mas desejou “que ela continue ainda por muitos mais anos, porque gente desta faz falta todos os dias” para se continuar um “caminho de futuro”.
André Martins afirmou que a homenagem era “muito sentida” por si e motivo de “muito orgulho por parte da Câmara Municipal”, recordando que Carlos Mendes era “um dos cantores mais conhecidos dos tempos do antes e do depois” da revolução do 25 de Abril.
“Ainda hoje apresentou aqui algumas passagens que ficam na memória pelo menos daqueles que viveram esses tempos tão importantes para a nossa vida, para o nosso país, para a nossa sociedade, e sempre procurando um futuro melhor para a nossa sociedade, para aqueles que vierem a seguir. É essa a responsabilidade que nós temos e é por isso também que estamos aqui”, disse.
No espetáculo participaram Carlos Mendes, alguns seus amigos próximos, como os cantores Carlos Alberto Moniz e Vitorino Salomé e o maestro António Victorino de Almeida, e o Coral Luísa Todi, tendo igualmente subido ao palco o seu filho Miguel Mendes e o irmão, Jaime Mendes.
Carlos Mendes, de 77 anos, foi um dos fundadores do grupo pop-rock Sheiks, em 1963, e ganhou por duas vezes o Festival RTP da Canção, em 1968 e 1972, após iniciar uma carreira a solo. Foi também arquiteto, ator e desde 2018 apresenta o programa de televisão “Autores”, da Sociedade Portuguesa de Autores, transmitido pela TVI.
Maria Augusta Dores, assessora do Alívio à Fome do Distrito Múltiplo 115 do Lions de Portugal, recordou que o clube desenvolve um “serviço de proximidade à comunidade”, através de projetos, em regime de voluntariado, que se debruçam sobre várias causas, uma das quais o alívio à fome.
“Estamos perante tempos muito difíceis. A fome, a insegurança alimentar e a má nutrição são flagelos sem fronteiras, que preocupam todos nós e afetam as nossas comunidades locais. Há dois ou três dias surgiram números assustadores de crianças que são vítimas da fome. É pelos que tão pouco têm que estamos aqui hoje”, notou.
O diretor-geral do CASA, Nuno Jardim, agradeceu ao Lions “por todo este trabalho”, aos artistas que participaram no espetáculo e à Câmara Municipal “que é um parceiro muito importante na cidade de Setúbal”, onde se realiza um trabalho diário “no apoio às populações mais carenciadas da cidade”.
Afirmou que, a nível nacional, o CASA ajuda “cerca de sete mil pessoas” em áreas como a segurança alimentar, o alojamento, e o apoio médico e psicológico, contando com “cerca de mil voluntários” em todo o país, o que considerou um “grande ato de cidadania”.
O presidente do conselho de governadores do Lions Clube de Portugal, João Campino, salientou que a função do clube é prestar “serviço na ajuda à comunidade”, o que em Portugal faz através de cerca de 2300 associados e 88 clubes. “Ajudamos em causas como cancro pediátrico, diabetes, socorro após catástrofe, meio ambiente, visão, juventude e o que nos traz aqui hoje, alívio à fome”, disse.
Recordou que em Portugal muitas famílias sofrem de insegurança alimentar “em decorrência da pobreza”, havendo no país, segundo os dados de 2023, um milhão e 760 mil pessoas abaixo do limiar de pobreza.
Fonte/Foto: CM Setúbal