O presidente da Câmara Municipal, André Martins, afirmou na noite de 20 de novembro, no jantar do 114.º aniversário do Vitória Futebol Clube, que a autarquia vai continuar a apoiar a instituição desportiva, na medida das suas possibilidades.
“Continuaremos a apoiar o clube no que está ao nosso alcance, seja no apoio às modalidades, seja na valorização do clube nas suas várias dimensões”, disse o presidente da Câmara perante os sócios vitorianos que encheram a sala de bingo do clube, depois de o Salão Nobre dos Paços do Concelho ter acolhido a sessão solene das celebrações, durante a manhã.
André Martins sublinhou que “ao longo dos anos, a autarquia tem sido sempre um parceiro muito próximo do clube, nos mais variados domínios”, e salientou que “assim continuará a ser, mesmo nos tempos mais difíceis”.
Depois de salientar o caráter de “grande clube que emana do povo sadino” e que “se fez um dos maiores de Portugal”, o autarca, “no pleno e escrupuloso respeito pela autonomia do clube”, saudou o Vitória pelo 114.º aniversário, lembrando que, “por cada queda, há sempre quem se ponha de pé e continue a caminhada” e que “é aos sócios do clube que cabe definir o rumo a seguir”.
Ver o Vitória “ganhar e ser enorme é o objetivo” que os responsáveis municipais estarão “sempre disponíveis para ajudar a alcançar” e o seu crescimento é “bom para a cidade e para a região”, notou o presidente da Câmara, sublinhando o ecletismo do clube.
“O Vitória é mesmo um enorme clube, é uma instituição multifacetada que não se esgota apenas numa modalidade. O Vitória faz parte das nossas vidas, faz parte de muitas famílias setubalenses, e não só”, referiu, sublinhando tratar-se de “um formador de caracteres” e de “uma escola de cidadania que deixa, de há muito, marcas perenes”, antes de lhe dar os parabéns pelo aniversário e a Setúbal “por acolher este tão grande clube”.
Ao proferir o que disse ser talvez o seu último discurso enquanto presidente do Vitória Futebol Clube, Carlos Silva sublinhou que viveu “momentos de grande alegria” e outros “de profunda tristeza e dificuldade” ao longo do mandato, agradecendo aos sócios, pela paixão que faz do Vitória “um clube único”, e aos funcionários, que “muitas vezes” lhe deram “forças para continuar, mesmo nos momentos mais sombrios”.
Carlos Silva manifestou preocupação pelo “vazio diretivo” em que o clube caiu, após a direção ficar sem quórum devido à renúncia de vários membros, o que provocou a marcação de eleições para 27 de novembro, mas passou uma mensagem de esperança aos sócios e pediu-lhes que estejam atentos. “O Vitória precisa de vocês mais do que nunca”, disse, adiantando que deixa a presidência, mas não deixa de ser um deles.
O presidente da Mesa da Assembleia Geral, David Leonardo, disse que o dia proporcionava “um misto de sensações”, porque, enquanto se celebravam “114 anos de uma história bonita” e que tem de ser “preservada”, o fim da tarde chegou sem que tenha sido apresentada qualquer lista candidata às eleições, o que vai obrigar a constituir uma comissão de gestão.
David Leonado reafirmou que o projeto dos órgãos sociais ainda em funções consistia em, “com a alienação de património e o apoio da Câmara Municipal”, assegurar que o clube ficava “em condições de garantir a sustentabilidade financeira sem depender de um investidor”, que, “quando lhe apetece”, pode deixar de investir.
“Um clube não se mede pelas vezes que cai, mede-se pelas vezes que se levanta e nós temo-nos levantado sempre, apesar de tantas quedas. Com união e respeito pelo Vitória vamos levar este projeto a bom porto”, afirmou.
O bispo de Setúbal, Cardeal D. Américo Aguiar, alertou que, “para o Vitória continuar a ser enorme, é preciso tomar as decisões certas” e deixou um apelo – “Que seja possível que nos 115 anos do Vitória possamos estar aqui todos e estar orgulhosos das decisões que tomámos”.
José Couceiro, vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), ex-treinador do clube e seu sócio “há 20 anos”, deu os parabéns ao Vitória por ter uma vida que abrange “todo o percurso da República Portuguesa”, o que é “excecional”, mas admitiu ter sentimentos diversos.
“Por um lado, uma enorme felicidade por estar no meio da família vitoriana, de quem eu só tenho boas recordações, por outro lado, tristeza pela situação em que nos encontramos. A história transmite-nos ensinamentos muito importantes. É fundamental olhar para o passado e perceber porque chegámos a determinadas situações. Isso é decisivo para construirmos o futuro”, disse.
Enquanto adepto e sócio, afirmou ser preciso “refletir e perceber o caminho que se deve seguir”, considerou “fundamental que o triângulo formado por clube, cidade e autarquia possa funcionar”, pediu união à massa associativa e alertou para “as megalomanias e as falsas expetativas que se criam e que levam a situações muito mais graves”.
Como vice-presidente da FPF, frisou que “clubes como o Vitória Futebol Clube e cidades como Setúbal são fundamentais para o desporto português”, defendeu a necessidade de “pensar seriamente sobre como se pode fazer a recuperação do clube, passo a passo”, e alertou que “não é possível tomar decisões de ânimo leve com cargas brutais de demagogia”, nomeadamente as promessas de grandes resultados desportivos.
Fonte/Foto: CM Setúbal