O presidente da Câmara Municipal, André Martins, destacou, nesta quarta-feira, dia 4 de dezembro, o papel de Setúbal na transformação social e na consolidação da democracia em Portugal, na abertura do “Colóquio de Animação Sociocultural, Memória Coletiva e Arquivo”, realizado no Arquivo Municipal.
“Setúbal é uma cidade rica em história, marcada por acontecimentos e pessoas que contribuíram para a transformação social e para a consolidação da democracia em Portugal. É, portanto, essencial refletirmos sobre o papel dos arquivos municipais como guardiões da memória coletiva, que não só preservam o passado, mas também inspiram o futuro”, disse.
Realizado no âmbito do Serviço Educativo do Arquivo Municipal, com organização da Câmara Municipal, da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural (APDASC) e da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, o colóquio reuniu cerca de três dezenas de alunos da licenciatura em Animação Sociocultural da ESE/IPS.
O autarca salientou que “os arquivos municipais não são meros depósitos de documentos”, sendo antes “pilares fundamentais para a preservação da identidade de uma comunidade”, porque “guardam a narrativa” das “lutas, conquistas e transformações” do povo.
“Ao garantir que estas memórias sejam preservadas e acessíveis, os arquivos tornam-se ferramentas indispensáveis para a educação, a cidadania e a construção de um sentido de pertença que une gerações”, afirmou, notando que, por outro lado, a Animação Sociocultural “tem a capacidade de dar vida a estes acervos, promovendo a participação ativa da população na valorização do seu património”.
André Martins sublinhou o “papel essencial” dos arquivos municipais em Setúbal na “preservação da memória da Revolução dos Cravos”, que em 1974 devolveu a liberdade e democracia ao país, considerando que os seus registos permitem revisitar “as histórias locais que ecoam o espírito nacional de transformação social, mantendo viva a lembrança daqueles que lutaram por um país mais justo e igualitário”.
E destacou como “um bom exemplo deste papel essencial” do arquivo municipal o livro “sobre os bairros de barracas ainda existentes na cidade em 25 de abril de 1974 e onde viviam cerca de 11 mil pessoas”, recentemente publicado com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal.
“Um poderoso testemunho histórico só possível graças à documentação preservada pelo nosso arquivo municipal, onde estava depositado precioso acervo fotográfico que retrata os 22 bairros e núcleos de barracas então existentes. Ali, naquelas páginas do livro ‘Outro mundo no mesmo lugar’, de Vanessa Amorim, Jaime Pinho, Alberto Lopes e Lia Antunes, é impossível não ver a miséria fascista que ainda hoje alguns negam para combater Abril”, referiu.
O presidente da Câmara começou por sublinhar que o colóquio reunia “reflexões e debates relevantes” sobre os arquivos municipais, a animação sociocultural e a história coletiva do país, “sob a luz transformadora da Revolução dos Cravos”, de que este ano se comemora o 50.º aniversário.
Afirmou que o colóquio permitia reforçar “o compromisso de continuar a investir na preservação” da história coletiva e “na dinamização dos arquivos municipais, promovendo ações que liguem as memórias do passado às aspirações do presente”.
Destacou o papel dos investigadores, animadores socioculturais, técnicos de arquivo e cidadãos na valorização das memórias coletivas e “na promoção de uma cultura de participação e inclusão”, que permitam honrar o passado e construir “um futuro mais coeso e democrático”.
Depois da sessão de abertura, o painel “A Animação Sociocultural no Portugal de Abril” contou com alocuções do coordenador da licenciatura em Animação Sociocultural, Luís Santos, da presidente da APDASC, Isabel Filipe, e de Rita Assunção, professora assistente convidada daquela licenciatura.
Depois de um momento de reflexão sobre o tema, o coordenador do Setor de Animação e Promoção do Arquivo Municipal de Setúbal, Nuno Soares, falou sobre “Os Arquivos Municipais, memória coletiva e o papel da Animação Sociocultural na divulgação dos seus acervos” e, após novo momento de debate, o colóquio foi encerrado pela diretora do Departamento de Educação e Bibliotecas da Câmara Municipal, Celeste Paulino.
Fonte/Foto: CM Setúbal